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3/24/20

Espinhos do tempo

No comecinho do livro, que se passa em meados de 1880, vamos conhecer o casal Demerval e Maria José e seus quatro filhos. Eles moravam na cidade, mas passavam as férias na fazenda. Demerval não era um marido mau, mas excessivamente controlador em tudo, desde horários até passatempos que a família realizaria. Cansada de ser tão submissa, certo dia Maria José surtou, parecendo estar sob influência de espíritos, e após se recuperar caiu em profunda depressão; mesmo tendo um casamento que ela julgava que deveria ser feliz, sentia-se triste, incompleta.

"Sempre aprendera que devia preparar-se para casar, ter muitos filhos e não ter outra vontade senão a do marido. Sua mãe tinha sido assim. As mulheres que conhecia eram todas submissas. Por que ela não conseguia? Por que ela tinha que ser diferente?"

Zefa, a criada de Maria José, pediu que um negro da fazenda que entendia de feitiços e mandingas fizesse algo para que a família não fosse embora e que sua sinhá ficasse feliz; depois disso, Demerval inexplicavelmente caiu de cama e não conseguia reagir. Maria José assumiu os negócios e Menelau, seu cunhado, chegou para ajudá-la.

Menelau e Maria José nutriam um sentimento proibido e certa noite não resistiram e entregaram-se ao amor, mas o homem desculpou-se pelo erro, já que não podiam extravasar seus sentimentos, e chamou seu amigo Eduardo, que tinha conhecimentos espíritas, já que parecia que a doença que acometia Demerval era da alma, e não do corpo.

"Tenho visto coisas neste mundo de admirar. Não posso deixar de dizer que o caso do sr. Demerval é muito especial. Fisicamente não encontro nada. Desgosto, ele não teve. Como explicar seu estado de depressão e fraqueza? Um homem dinâmico, cheio de disposição. Vontade de ferro, opinião firme. Eu diria que ele parece hipnotizado."

Com as orações diárias e os passes energéticos Demerval melhorou, mas Maria José não se sujeitou mais aos seus caprichos. Menelau voltou para sua casa, pois tinha esposa, Maria Antônia, mulher fútil e que só pensava em joias e sarais.

Menelau, em sessões na casa espírita, descobriu que sua ligação com sua esposa, cunhada e irmão vinha de outras vidas, e o porquê de não poderem ficar juntos, apesar de amarem-se tanto.

Muitas coisas acabam acontecendo: Menelau passa uma temporada na Europa a serviço de Dom Pedro II, chega a ser preso; Maria Antônia envolve-se cada vez mais nos eventos noturnos da cidade e deixa-se levar por futilidades; Demerval passa mal sempre que confronta Maria José e não aceita que uma mulher diga-lhe o que fazer... Enfim, é uma leitura de mais de quatrocentas páginas, na qual acontecem muitas coisas, mas que deixa as lições da resignação, do amor incondicional e do perdão.
Com certeza um lindo romance , que nos ensina a não julgar o que não conhecemos , que nossas vidas tem um propósito , que temos responsabilidades com as pessoas que vivem conosco , que a amizade tem um valor inestimável e que todos os problemas se resolvem onde impera a compreensão , pessoas intransigentes sofrem e que a dor que causamos aos outros é a dor que causamos a nós mesmos, um bonito livro para meditar, estudar e compreender ⭐️⭐️⭐️⭐️