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2/25/14

Português: Mito; escreve bem quem lê muito.

. Escreve bem quem lê muito

Não há vínculo direto e necessário entre ler muito e escrever bem. Tão importante quanto ler intensamente obras literárias de qualidade é praticar a escrita, testar a própria criatividade. Nada substitui a prática prazerosa de ler e escrever, credenciais naturais para quem deseja ser um bom redator. Como já disse a escritora Nélida Piñon à Língua 7 (abril de 2006), todos precisam ser reformulados pelas ideias do outro e um livro é uma maneira. Para Nélida, se você lê e não escreve, significa que está intimidado, e a leitura não está lhe dando a liberdade que ela tem a oferecer. Já se escreve e não lê, não se opõe às ideias dos outros para vir a ter ideias que possam representar uma mudança pessoal genuína.

Português: Mitos ; Há uma leitura correta para todo texto

. Há uma leitura correta para todo texto

Não há leitura "correta" ou "errada" de um texto, há gradações. Temos leituras que mais se aproximam do projeto de dizer de um autor e as que ficam mais distantes até que se tornam inaceitáveis. Tudo porque a leitura depende dos nossos conhecimentos de mundo. Duas pessoas dificilmente farão a mesma leitura de um texto. Não há texto totalmente explícito. Como se chega ao que está implícito? Ligando o que está no texto ao nosso saber de mundo. O leitor com pouco conhecimento fará a leitura superficial. Quanto mais acumulamos de saber, mais a fundo chegaremos.

Não se trata de pôr o foco só no autor, no leitor ou no texto, mas em todo o tripé. O autor tem um projeto de dizer que organiza o texto, colocando nele pistas para levar o leitor a determinado sentido. O texto é a materialidade que o leitor tem diante dos olhos e contém essas orientações. Já o leitor não é passivo, como se apenas restasse a ele entender as intenções do autor. O leitor constrói sentido, que pode ser mais ou menos próximo do que o autor tinha em mente.