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8/20/13

História da música: ALAGADOS ( Paralamas do sucesso)

Análise Filosófica e Social da música Alagados
                                         ( Paralamas do sucesso)


Em “Alagados” o Herbert Viana faz uma crítica social ao capitalismo selvagem, porquanto sabemos o quanto este sistema é injusto com as pessoas desfavorecidas financeiramente.
Como pano de fundo ele usou as imagens dos grandes bolsões de miséria instalados em orlas paradisíacas existentes mundo afora como a favela dos Alagados, em Salvador; a favela de Trenchtown, em Kingston, capital da Jamaica; e a favela da Maré, no Rio de Janeiro. Esta escolha é proposital justamente para mostrar o contraste entre a alegria (estas três cidades são sinônimos de festa) e a tristeza (a situação deprimente dos moradores dessas favelas).
Na primeira estrofe ele mostra que para as pessoas que vivem nessas condições subumanas, o amanhecer de um dia já é um grande desafio, pois o despertar lhes tira do mundo das fantasias (os sonhos) para as suas duras e miseráveis realidades, aqui exemplificadas por palafitas, trapiches e farrapos. Além, é claro, dos filhos (nestes conglomerados, invariavelmente, a quantidade de crianças é imensa, sendo estas as principais vítimas do descaso).
Na segunda estrofe, para fixar a insensibilidade das autoridades, o Herbert usou uma imagem forte: a figura do Cristo de braços abertos, tão explorada pelos governantes do Rio de Janeiro como um símbolo de acolhimento, na verdade é uma falácia, pois a triste realidade daquelas pessoas mostra que a cidade (a sociedade) além de não acolhê-las, abandonou-as à própria sorte.
Então, onde está escrito “A esperança não vem do mar, VEM das antenas de TV” (dando a entender que as pessoas se iludem através das imagens da TV), na verdade, o texto correto é: “A esperança não vem do mar, NEM das antenas de TV” (garantindo que a resolução daqueles problemas não virá por essas opções) o que, obviamente, muda totalmente o sentido de análise.
Assim, percebemos que ele usa o refrão para, além da crítica social, também fazer um alerta àquelas pessoas: se elas quiserem realmente que a justiça social lhes seja feita elas têm que ir à luta, pois a esperança de justiça tão esperada não virá daquele mar à sua frente, muito menos virá por intermédio das antenas de TV (a televisão, sabemos, é um mundo de fantasias), ou seja, nada do que almejam cairá do céu Nos dois últimos versos ele mostra que é necessário se ter fé (a arte de viver baseia-se na fé), mas também mostra o seu ceticismo em relação às autoridades e à burguesia (só não se sabe fé em quê).
 Resumindo :
Temos 5 opções sobre a interpretação da música.

a) fazer uma crítica social em relação à difícil situação do povo, que não tem condições mínimas de moradia e emprego;

b) criticar as religiões, que se servem da fé para incitar os fiéis das classes menos favorecidas à alienação;

c) recriar de forma metafórica a realidade brasileira daqueles que, sem acesso à educação, se mantêm cada vez mais à margem da sociedade, sem oportunidades reais de melhoria de vida, se resignam simplesmente, apelando à fé e à televisão como paliativos à sua condição;

d) criticar as novelas e programas televisivos, que servem apenas para desviar a atenção do povo dos problemas reais e dissimular a vida difícil da maioria da população, que vive em favelas, trapiches ou mesmo pelas ruas;

e) fazer um paralelo ressaltando o contraste oferecido pela esperança simbolizada no Cristo Redentor e a dura realidade da vida no Rio de Janeiro, assim como nas grandes cidades brasileiras de forma geral.